Algumas dores são sempre desestruturantes. Perder um ente querido é uma delas. Não apenas pela perda em si, sobretudo pelas outras perdas que vêm com ela. Perda de certezas, perda de ilusões, perda de nós mesmos.
Nunca estamos preparados para perder. Este é um verbo que não conjugamos – talvez por medo de encará-lo de frente. E por não estarmos preparados, mesmo as perdas anunciadas criam um abismo em nós. Perdemos o chão. E nos sentimos em queda livre. O mundo parece girar em sentido contrário. As vontades viram pássaros nórdicos - mudas. Viramos sobreviventes dos minutos. Cada um deles nos parece tão imenso que a eternidade se faz presente. Uma eternidade nebulosa. Difícil de ser rompida.
Enquanto isso, a vida nos cobra atitudes. São outras pessoas que dependem da nossa força, é o trabalho que nos olha com cara feia, é a poesia que tumultua nossa alma. Olhamos para tudo isso como se estivéssemos prestes a ser massacrados. Não há força para o primeiro passo. Mas é preciso haver. E fingimos ter o que há muito perdemos.
Este esforço quase sobre-humano não nos ajuda. Parece que só nos debilita – nós que um dia nos sentimos super-homens. E vamos nos arrastando, como se viver fosse carregar o mundo num universo de dores e alguns rancores. Até que os pés cobram o chão. E acordamos. E descobrimos a necessidade de reconstruir nossa história. Sem o ente querido. Sem as fantasias de eternidade que embalamos. Sem a ilusão de paz e amor e amizade que imaginamos. Sem o dó de nós mesmos. Passo a passo vamos de encontro à vida - porque ela, a vida, não acolhe derrotados. Vamos com uma nova força. A força da sobrevivência. Se não por nós, por quem nos ama, por quem amamos.
Assim, caminhamos. Assim devemos caminhar.
Nunca estamos preparados para perder. Este é um verbo que não conjugamos – talvez por medo de encará-lo de frente. E por não estarmos preparados, mesmo as perdas anunciadas criam um abismo em nós. Perdemos o chão. E nos sentimos em queda livre. O mundo parece girar em sentido contrário. As vontades viram pássaros nórdicos - mudas. Viramos sobreviventes dos minutos. Cada um deles nos parece tão imenso que a eternidade se faz presente. Uma eternidade nebulosa. Difícil de ser rompida.
Enquanto isso, a vida nos cobra atitudes. São outras pessoas que dependem da nossa força, é o trabalho que nos olha com cara feia, é a poesia que tumultua nossa alma. Olhamos para tudo isso como se estivéssemos prestes a ser massacrados. Não há força para o primeiro passo. Mas é preciso haver. E fingimos ter o que há muito perdemos.
Este esforço quase sobre-humano não nos ajuda. Parece que só nos debilita – nós que um dia nos sentimos super-homens. E vamos nos arrastando, como se viver fosse carregar o mundo num universo de dores e alguns rancores. Até que os pés cobram o chão. E acordamos. E descobrimos a necessidade de reconstruir nossa história. Sem o ente querido. Sem as fantasias de eternidade que embalamos. Sem a ilusão de paz e amor e amizade que imaginamos. Sem o dó de nós mesmos. Passo a passo vamos de encontro à vida - porque ela, a vida, não acolhe derrotados. Vamos com uma nova força. A força da sobrevivência. Se não por nós, por quem nos ama, por quem amamos.
Assim, caminhamos. Assim devemos caminhar.
***
Beijo, pessoal!
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