Poetando

nau-frágil

enquanto brincava de Ser
(barquinho de papel)
atracava os sentidos
num píer de ilusões

até que os desejos
(gotejando fluidos)
assaltaram a razão

joguei fora
os lemes do passado
passei a limpo
a identidade

e naufraguei as certezas
na paixão

***

Proseando

Não costumo conservar hábitos penosos. Quando percebo que um ou outro está me fazendo mal, jogo-o pra escanteio sem dó. Mas há um que sempre volta: ler jornais ao café da manhã.
Além do sacrilégio de misturar jornais aos quitutes que Bina cuidadosamente prepara, corro o risco de ter uma bela indigestão. E às vezes isso quase acontece. Diante das manchetes que brigam pela minha atenção, me vem a pergunta: será que o mundo não tem mesmo jeito? Antes de buscar qualquer resposta, fecho cada um deles, engulo a sensação de impotência e me preparo pra começar minha luta de formiguinha.
No dia seguinte, acontece tudo novamente. Talvez seja um masoquismo necessário.

***


Uma ótima semana a todos vocês. Muitos beijos!

Update: fui informada de que "tenho outro blog", ou seja, encontraram outro blog de uma loba mulher. Não sou eu companheiros. Lobas existem e a loba de mim inclusive. Mas esta está adormecida ad infinitum!!!

O café

Aqui se faz prosa, verso e a bobagem que pintar, em qualquer tempo e qualquer lugar - na página principal e nos comentários. Tudo com a marca registrada de mineira desvairada. Aqui, realidade e ficção são vice-e-versa. Qualquer semelhança com pessoas ou fatos conhecidos pode não ser mera coincidência. Ou pode ser uma grande fantasia.

Seus frequentadores

A dona do café

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"Quer saber o que eu penso? Você aguentaria conhecer minha verdade? Pois tome. Prove. Sinta. Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Ser louca, estranha, chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Sou viciada em gente. E adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir... Um beliscãozinho que for, me dê. Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de sapo." Clarice Lispector