Um dia ele chegou com um peixe nas mãos. E se ofereceu pra descamá-lo e levá-lo à mesa. Me perdi ali, contemplando mãos enormes deitando delicadezas na carne branca. Mãos muito mais ágeis que as minhas. No rosto, um sorriso de felicidade insuposta. Preparar o alimento, servi-lo, sentar-se junto para comê-lo teve um quê de orgasmo. Como se parte da vida estivesse fluindo ali. E fosse levada pra cama com a satisfação garantida.
***
Da despedida escorriam sentimentos insuspeitos. Olhávamos um ao outro. Parecia que olhar não bastava. Era um contemplar contínuo, como se piscar fosse perder a vida. A vida daquele instante. Não havia dor. Havia a evaporação do coração.
***
Mal entrei, vi a menina. Únicos olhos fora dos óculos escuros. Olhar perdido no fundo do salão. Sem ver ninguém. Talvez nem à sua dor. Perder mãe é uma ficha que demora a cair. Perder mãe é um desvio de rota quase fatal. É injusto que num coração pequeno tenha que caber tanta falta. Mas ela, como eu, seguiria seu caminho. E aprenderia que amor não é dado de graça. Só amor de mãe.
***
Da despedida escorriam sentimentos insuspeitos. Olhávamos um ao outro. Parecia que olhar não bastava. Era um contemplar contínuo, como se piscar fosse perder a vida. A vida daquele instante. Não havia dor. Havia a evaporação do coração.
***
Mal entrei, vi a menina. Únicos olhos fora dos óculos escuros. Olhar perdido no fundo do salão. Sem ver ninguém. Talvez nem à sua dor. Perder mãe é uma ficha que demora a cair. Perder mãe é um desvio de rota quase fatal. É injusto que num coração pequeno tenha que caber tanta falta. Mas ela, como eu, seguiria seu caminho. E aprenderia que amor não é dado de graça. Só amor de mãe.
***
Permanecem os convites do post passado. E meu entusiasmo com o primeiro filho de papel!
Super beijos.
|